quinta-feira, outubro 18, 2007

PT - Personal Talker ou Quando A Rua Foi Nossa...


o5.Out.07. Uma cabine telefónica plantada na Rua de Cândido dos Reis. O telefone toca. As pessoas são convidadas a entrar e a atender. Dentro da cabine, um cenário povoado de polaroids e pequenos post-its do género ‘anúncios de linhas eróticas’. Mas desta vez pode-se ler: "free intimate conversations with a stranger". Cria-se assim um cenário confessional. Do outro lado da linha, o actor fala. O tema de conversa é aleatório, o único critério é dizer a verdade. Estabelece-se uma ligação com o público que vai para além do cabo telefónico, ligação essa que nem sempre é fácil numa sociedade urbana e desumanizada.

Se esta rua fosse minha, eu enchia-a de pessoas sem pressa.
Se esta rua fosse minha andava descalça, cantava e sentava-me no chão a fumar os cigarros que deixei.

Se esta rua fosse minha abria todas as janelas e descia as escadarias do Clube Portuense a correr, tal Cinderela com ténis de cristal em noite de baile.

Se esta rua fosse minha peguntava as pessoas porque eram tao infelizes, porque eram da cor do granito, e desta vez, elas diziam-me, sem vergonha.

Se esta rua fosse minha, era mesmo minha e não deixava dizerem mal dela.

Se esta rua fosse minha, perguntava o que podia eu fazer por ela, e não, o que ela podia fazer por mim.

Se esta rua fosse minha estaria sempre assim...

Fotografias: Gilberto Figueiredo

O telefone toca sempre duas vezes...

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