sábado, novembro 10, 2007

Porto de Abrigo

Cheguei à Invicta para ficar um ano e regressar às Terras de Vera Cruz. Preparo-me agora, passados quatro anos (quase!), para deixar esta cidade, baixar no mapa e estacionar na Capital, por um ano (ou talvez mais!).
Nesta iminência de uma partida por mim próprio orquestrada e, ainda que possa parecer estranho, de certa forma desejada, vejo agora esta cidade com outros olhos.
Esta cidade onde ressaquei quando percebi que retornar a S. Paulo não seria tão breve como tinha planeado.
Esta cidade em que me habituei ao frio e ao cinzento depressivo dos edifícios e das próprias pessoas. As mesmas que conseguem ser afáveis, ternas, calorosas (e calorentas! e calóricas!) e sobretudo muito genuínas.
Esta cidade onde fiz Amigos, que me ensinaram a olhar para o cinzento como uma tela a colorir.
Esta cidade onde me apaixonei vezes sem conta e bati com a cabeça na parede outras tantas e onde superei a morte de um namorado.
Esta cidade onde encontrei um rumo, apesar dos ventos fortes.
Esta cidade que me pôs a falar de uma forma diferente.
Esta cidade que tem um Piolho onde sei que sempre encontro alguém para partilhar um café e um fino e deitar conversa fora e uma Confeitaria do Bolhão onde posso sempre tomar um pequeno almoço refastelado, com olheiras até ao queixo e uma cabeça de elefante depois de uma noite em que dancei e bebi como se não houvesse amanhã.
Esta cidade que considero já a minha casa e que, apesar do falo gigante recentemente colocado nos Aliados, do nulo apoio à Cultura e das contínuas obras, me vai deixar saudades como o caraças!
Esta cidade que creio que será sempre o meu Porto de Abrigo...

2 comentários:

Anónimo disse...

Falta "Esta cidade que fica de braços abertos para quando decidir voltar".

Boa sorte lá pelo Sul colega de grandes lutas (e por vezes do escárnio e maldizer).

Enfim, enfim... nao sejamos assim... vamos voltar ao ordem de trabalho desta reuniao.

Abraço

baba disse...

Meu querido. E sempre assim: Alguma coisa acontece no meu coracao Que so quando cruzo a ipiranga e av. s.joao E que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deseleg�ncia discreta de tuas meninas... -Sampa, Caetano, soberbamente cantado pelo Gilberto Gil sobre qdo chegou a S.Paulo, ou sobre quando chegamos a nossa nova cidade : )